sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mundo Virtual

Temos hoje uma grande junção entre o que é real e o que é virtual, esse livro escrito pelo escritor Lula Falcão é uma prova disso, aqui temos uma personagem que é criada pelo autor e que passa a ser confundida com uma pessoa de verdade, tendo vários seguidores em diferentes redes sociais e que é tratada como “alguém” pelo autor e não como uma personagem.
A ficção está presente na história da humanidade há muito tempo, mas ela sempre foi usada para contar histórias, proporcionar aos homens situações que não são vividas no real, mas vividas no imaginário humano, mas o que pensar quando a ficção passa a se confundir com o real e passamos a tratar personagens fictícios como pessoas reais? Qual a influência que isso passa a ter nas nossas próprias relações com outras pessoas? Vivemos hoje em uma sociedade que depende do computador e que passa horas conectada à Internet, tendo pessoas que passam seus dias em frente ao computador, sendo a máquina a única forma de se relacionar com outras pessoas.
Na Internet as pessoas tem encontrado meios de ser aquilo que elas desejam e que não podem ser na vida real e neste ponto tudo se confunde, o homem passa a “ser” virtual, através de relações sociais que só existem na rede e através de uma vida se só acontece em frente ao computador e os personagens virtuais ou fictícios passam a ser reais a partir do momento que eles passam  a ter uma importância relevante para os homens.
Como exemplo desses personagens virtuais, podemos citar a banda Gorillaz, que é uma banda virtual, seus membros não existem, sendo um único músico o criador da banda e esse músico não aparece em shows, capas de CD ou entrevistas, os músicos virtuais são a imagem da banda e a não aparição do criador levo os membros virtuais quase a serem considerados reais. Outro exemplo muito claro é a cantora virtual Hatsune Miku, que faz grande sucesso no Japão, mas que foi criado por um computador, sem a sua voz pertence a uma pessoa real.
O escritor Lula Falcão coloca que a sua obra foi escrita em um intervalo de seis meses através de postagens em redes sociais, principalmente o Twitter, isso leva a refletir qual o público que ele deseja alcançar através dessa obra, pode-se ver que o livro não deixa de lado os termos que são usados no próprio twitter e isso mostra que se você quiser ler o livro vai ter que conhecer os termos usado na rede, então pode-se supor que os próprios usuários são o público que ele deseja atingir, uma pessoa que não usa o computador ou não se interessa pelo twitter não vai se interessar pelo livro ou vai ter dificuldades para lê-lo.
Outros autores exaltam o humor negro que é colocado por Falcão e a forma como a personagem encara a vida, ele coloca que a personagem foi criada em círculo de intelectuais, mas que na verdade só deseja se divertir, “curtir” a vida, isso é preocupante ao pensarmos que isso pode supõe o abandono de uma busca de informações e conhecimentos mais amplos e teoricamente construídos, para uma busca de informações rápidas, sucintas e que tem pouco signifcado, um conhecimento mastigado e sem profundidade.
A colocação em relação a infância da personagens, “minha infância estava num pen drive. Perdi”, é uma afirmativa preocupante, leva a se pensar o modo como essa infância foi vivida e o que realmente foi a infância para a personagem? Um conjunto de fotos? Algumas músicas? Ou simplesmente ela não teve a oportunidade de “viver” a infância em mundo de relações rápidas e de grande influência da mídia, principalmente sobre as crianças?
É necessário pensarmos sobre a relevância que se é dada aos virtual e a grande confusão que se é gerada entre o real e o virtual, é necessário pensar até onde é saudável mesclar a ficção e a realidade e se isso pode ser realmente saudável.
Meu ponto de vista vai na linha de que se transformarmos o virtual em real, chegaremos em um momento aonde as relações sociais serão apenas relações virtuais e personagens como a Maria Lúcia, Gorillaz e Hatsuni Miku, terão mais relevância entre os homens do que o próprio homem e teremos uma busca para se parecer com os personagens que nós mesmos criamos.

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