sexta-feira, 20 de maio de 2011

Resenha do artigo "Pensando Tecnologia e Sociedade"

Bom dia!
A resenha abaixo refere-se à análise de Luziele Maria Tapajós quanto às conceituações e influencias das tecnologias na sociedade. Boa leitura.

A autora Luziele Maria Tapajós, ao elaborar este artigo, se preocupou em expor algumas noções e vertentes relacionadas ao estudo da tecnologia nas ciências sociais ou de temas relacionados à mesma, visando, através dessa análise, compreender um pouco da realidade que está posta nos dias de hoje, marcada por contradições entre a globalização e os avanços tecnológicos e o agravo da barbárie.
Porém, antes de apresentar algumas das inúmeras noções consideradas por ela existentes, Tapajós ressalta o cuidado que se deve ter ao analisar diversas produções acadêmicas na temática, pois as mesmas se dão de forma ampla e desordenada quanto à utilização dos conceitos que trazem. Dentre essa diversidade de temas relacionados à tecnologia, a autora coloca alguns exemplos como: a ciência da informação, a gestão e o tratamento informacional, informática social, as novas mídias, a interatividade, a informática na educação, tecnologia da informação, a inteligência artificial, etc.
De acordo com a Professora, um outro aspecto fundamental para se pensar a tecnologia é saber configurá-la e entendê-la como um binômio produto e prática social, pois a mesma não deve ser pensada apenas em um desses aspectos. Porém, Tapajós enfatiza que este pensamento fragmentado é o mais comum dentre as conceituações da tecnologia.
A primeira visão de noção tecnológica apontada por Tapajós é a mais comum e tradicional dentre as tantas, a qual conceitua a existência da tecnologia como o surgimento da necessidade dos aparatos tecnológicos modernos essenciais à funcionalidade da vida cotidiana se pensada quanto à sua praticidade. Trata-se de uma relação cujo produto da tecnologia vem apenas satisfazer o usuário. A autora ressalta que nesta concepção, a tecnologia não tem significado social algum.
Já uma segunda noção trazida por Tapajós que se interpõe à visão colocada acima, trabalha a questão da tecnologia como uma produção cultural, onde existe uma relação potencialidade/necessidade, ou seja, uma rede de significação que justifica a existência do produto tecnológico frente à necessidade de utilização do mesmo, através da qual passa-se a dar razão e valor ao artefato criado.
A partir da tradição humanista dos anos 30, de acordo com a autora, surgem pensadores que passam a desconsiderar qualquer tipo de visão da tecnologia tida como fundamento, pois entendem que a esta tecnologia tem que existir apenas como produto do pensamento e da criatividade do homem para ser posta a serviço deste. Esta noção de tecnologia repudia o entendimento do homem como um ser meramente técnico, pois primeiro o homem deve ser pensando como homo sapiens e não como homo faber.
Tapajós expõe outra noção de tecnologia, surgida a partir da sociologia nos anos 1980, seguida por uma corrente que a vê como um sistema sóciotécnico, onde o desenvolvimento de qualquer artefato está ligado a alguns elementos heterogêneos, com a dimensão política, os interesses econômicos, o contexto social e o desenvolvimento científico. Tal vertente está pautada na concepção de sistemas desenvolvida por Parsons.
Outra concepção abordada pela autora traz a tecnologia como uma rede de atores heterogêneos onde esta idéia de rede é extremamente radical, pois não distingue atores sociais dos não sociais, desconhecendo a realidade de objetos e relações sociais, por apenas pautar-se na dimensão de cadeias. 
Como um último conceito considerado pertinente para a temática, Tapajós expõe a linha construtiva da tecnologia, a qual pressupõe que as inovações tecnológicas e as práticas advindas das mesmas são determinadas pela sociedade e seu mundo, pois o produto tecnológico é resultado de uma construção tanto individual como coletiva de grupos sociais diferentes que possuem as mesmas expectativas frente ao produto e ao valor do mesmo.
A partir dessa exposição de interpretações e concepções diferenciadas quanto à tecnologia, Tapajós passa a fazer a crítica perante o pensamento quase que totalitário entre os pensadores da tecnologia de que já nos encontramos na Era da pós-modernidade. Sua fundamentação se dá em autores que defendem a continuação do pensamento moderno iluminista, o qual ainda não se deu de forma a alcançar suas premissas nos dias de hoje. A autora coloca que apesar das mazelas da modernidade não terem sido solucionadas ou superadas, não se pode simplesmente considerar que é preciso iniciar-se um suposto pós-modernismo com o discurso de ser a solução da superação, não tendo esta nova conceituação de momento rompido com o que se tinha antes, não podendo, portanto, ser configurado como tal.
A fala de Tapajós nos coloca dois contrapontos interessantes entre autores que defendem com afinco a tecnologia e seus benefícios, ao passo que outros defendem que a tecnologia seja algo parecido com um mal que assola o mundo. O que gostaríamos de pontuar aqui são algumas idéias colocadas pela autora que nos chamam a atenção.
O artigo fala em tecnologia no geral, porém não há como não citar o mundo virtual, o mundo da internet. Este é, aparentemente, um lugar democrático, onde você pode ser quem quiser, com total liberdade. Sim, realmente há essa possibilidade. Porém cada vez mais traz estranheza e alienação, pois neste mundo virtual sua vida e suas relações acabam sendo permeadas por um mundo que não é palpável, e muitas vezes nem é real. Você pode ter acesso a tudo, estar conectado com o mundo todo, porém na verdade está sozinho na frente de uma tela de computador, por exemplo.
Então nos perguntamos: o mundo virtual vai transformar ainda mais as relações sociais? Ou elas passarão a ser relações cada vez mais virtuais?
Neste mundo a parte, que é inerente às nossas vidas de hoje, você tem acesso a todo tipo de informação, porém muitas vezes informação esta questionável quanto à sua procedência e veracidade.
Em contraponto, vale lembrar também que é através da internet que hoje conseguimos realizar inúmeras atividades intrínsecas ao nosso cotidiano com maior facilidade, como comprar, vender, fazer transações bancárias, receber resultados de exames, etc. Transmite, inclusive, a sensação de que nossas vidas estão migrando aos poucos para essa “terra de todos e de ninguém”.
Sem falar nas formas de acumulação, lucro e mercado que são reforçadas e reinventadas no mundo virtual e na produção de tecnologias em geral o tempo todo. Tudo parece sempre ter que ser superado: o que se fez hoje já se torna obsoleto amanhã. A lógica do capital cria sempre novas formas de reproduzir seus valores, reafirmá-los e transformá-los de acordo com sua necessidade.

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